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Entre uma garrafa de plástico e uma de vidro, qual seria melhor para o meio ambiente?

  • Foto do escritor: Jean De Paola
    Jean De Paola
  • 21 de dez. de 2022
  • 4 min de leitura

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Após uma ressaca o mar devolve à praia o que acabou indo sem permissão, nas fotografias uma garrafa de vidro e uma de plástico.


O plástico ocupa hoje um lugar de impacto nas nossas vidas, quase tudo que compramos, desde comida, materiais eletrônicos e roupas são embalados em plástico.

O maior problema dos plásticos não está em seu uso, mas no descarte. Uma parte do plástico que passa pelas nossas mãos acaba indo para os rios e depois para o oceano, e o problema está exatamente na parte final da vida dos polímeros.

Antes do descarte existe uma escolha a ser feita sobre qual material é o melhor para, por exemplo, embalar líquidos. Ou seja, qual é a melhor embalagem para o meio ambiente, existem basicamente 4 tipos de embalagens utilizadas para líquidos o alumínio, o tetra pak, o vidro e os plásticos.

Um grupo de pesquisadores italianos resolveu estudar e comparar dois desses materiais diferentes de embalagens, em duas formas de apresentação também diferentes. Utilizando dados de uma empresa de leite situada na Itália eles estudaram o impacto ambiental de garrafas feitas de PET, PET com material reciclado que eles chamaram de R-PET, vidro não retornável (como as cervejas em long neck) e vidro retornável, a fim de entender qual é a solução dentre essas embalagens que é a mais ecológica.

O uso de plástico como embalagem tem aumentado continuamente então a produção global de plástico cresce para acompanhar a demanda, isso porque ele é versátil, higiênico, flexível, altamente durável, leve (ou menos denso), ocupa relativamente pouco espaço comparado com os outros materiais para a mesma função. O plástico

é muito utilizado em embalagens de alimentos, graças à sua capacidade de conservar os alimentos e hoje em dia são feitas embalagens como recipientes (como os potes de tupperware, nem tão recentes assim), garrafas, pratos e copos.


Sobre o plástico vale a pena reforçar que:

os plásticos tradicionais são feitos a partir de um processo a base de petróleo (aqui claro, excluídos os plásticos provenientes de produtos orgânicos), essa matéria-prima é não renovável e é consumida na extração do combustível fóssil e muitos gases de efeito estufa são emitidos na atmosfera contribuindo para as mudanças climáticas durante a extração, processamento e transporte.

Todas essas etapas podem e são controladas e medidas, dessa maneira se sabe o que é extraído e o que é gerado na forma de emissões gasosas, efluentes líquidos e rejeitos sólidos. Mas, no final da sua vida, nem todo o plástico é reciclado: parte dele acaba em aterros, poluindo o solo, ou em um incinerador, poluindo novamente a atmosfera, mas na pior das hipóteses é jogado fora no meio ambiente, nos rios e oceanos. O plástico demora milhares de anos para se decompor: garrafas, sacos, copos, atirados ao mar acabam formando ilhas inteiras somente de resíduos plásticos, como no Oceano Pacífico. Ao se desfazerem-se, graças às ondas, em pedacinhos com menos de 5 mm os polímeros se tornam microplásticos, que são perigosos para a vida marinha em primeiro lugar e depois para nós.

Um dos métodos mais adotados para se avaliar os impactos ambientais de um produto ou de um processo é a Análise de Ciclo de Vida (ACV). Esse processo está associado às etapas do ciclo de vida desde a extração da matéria-prima, a fabricação, a distribuição e o uso do produto, até a disposição final.

É na disposição final que se encontra o maior problema e erro relacionado ao uso do plástico. Como a imagem marcante é a de algum peixe ou mamífero marinho preso com um pedaço de rede ou uma sacola plástica no corpo a ideia é que todo o processo usando o plástico ataca a vida marinha mais intensamente do que qualquer outra matéria. Não é verdade, essa imagem ou única fotografia que se tem do plástico ignora todas as outras etapas do ciclo de vida, que quando comparado com outros tipos de embalagens são piores do que o plástico.

Vale lembrar, com base nos métodos ACV existentes, é difícil avaliar o lixo marinho e terrestre porque nenhuma categoria de impacto leva em consideração essas questões.

O resultado do paper dos pesquisadores italianos conclui que:

Os resultados da ACV apresentados no artigo mostram que a garrafa R-PET dá a menor contribuição para o aquecimento global, menor destruição do ozônio (da estratosfera), menor acidificação terrestre, menor escassez de recursos fósseis, menor consumo de água e menor toxicidade carcinogênica humana, seguida pela garrafa PET sem material reciclado, que está na frente da garrafa de vidro retornável e, finalmente e por último a garrafa de vidro não retornável.

O vidro é a pior opção no uso de embalagem devido à alta demanda de energia na produção da garrafa (a temperatura de fusão da sílica, matéria-prima básica do vidro, acontece por volta de 1700oC) e seu peso(na realidade a palavra correta aqui é densidade mas por uso fica mais fácil descrever como peso, 46% do peso de uma garrafa de água é devido a embalagem de vidro!), não só mais pesada mas tem as dimensões maiores o que afeta também na fase de transporte.

Assim, apesar das imagens mais marcantes de materiais que são utilizados em embalagens se referirem ao plástico, essas imagens representam apenas uma única fotografia do todo o ciclo de vida, e essa imagem é sim muito ruim, mas quando se compara todos os impactos gerados o PET produzido a partir de PET reciclado é melhor para o meio ambiente do que o vidro.


O paper pode ser visto em

Plastic or glass: a new environmental assessment with a marine litter indicator for the comparison of pasteurized milk bottles

Roberta Stefanini1 & Giulia Borghesi2 & Anna Ronzano2 & Giuseppe Vignali1 Received: 10 March 2020 / Accepted: 30 July 2020

The International Journal of Life Cycle Assessment

https://doi.org/10.1007/s11367-020-01804-x

 
 
 

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