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A importância da Análise de Ciclo de Vida (ACV) e seu uso no relatório de Sustentabilidade do MIT

  • Foto do escritor: Jean De Paola
    Jean De Paola
  • 15 de out.
  • 4 min de leitura
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Mount Cook NZ

A Análise de Ciclo de Vida (ACV / Life Cycle Assessment – LCA) é uma das bases metodológicas centrais do relatório State of Supply Chain Sustainability . A ACV é citada como a ferramenta técnica essencial para medir as emissões que ocorrem fora dos limites diretos da empresa, ao longo de toda a cadeia de valor (fornecedores, transporte, uso e descarte de produtos).

No relatório, o MIT ressalta que a Europa utiliza mais ferramentas de ACV (LCA tools) do que a América do Norte, e que isso contribui para maior precisão e credibilidade dos dados de emissões. A ACV é o método usado para traduzir a sustentabilidade de um produto ou processo em dados mensuráveis, considerando todas as etapas — da extração de matéria-prima até o fim de vida (cradle-to-grave).

O relatório mostra que aproximadamente 79% das empresas ainda utilizam planilhas simples para medir o que ocorre fora dos limites organizacionais e que as empresas mais maduras estão migrando para ferramentas baseadas em ACV. Essas ferramentas permitem capturar impactos reais e específicos por fornecedor, e não médias genéricas.

Essa evolução é vista como pré-requisito para transformar “medições” em ações concretas de mitigação.


Foi lançado o relatório State of Supply Chain Sustainability Report, algo como O Estado da Sustentabilidade nas Cadeias de Suprimento, cujo objetivo é mapear como as empresas, ao redor do mundo, estão transformando os compromissos de sustentabilidade em ações concretas em suas cadeias de suprimentos, com especial atenção às emissões, à influência das regulamentações e às tecnologias voltadas à descarbonização do transporte de cargas.

Esse documento é elaborado em parceria entre o MIT Center for Transportation & Logistics e o Council of Supply Chain Management Professionals .

O relatório é estruturado em três grandes temas:

  1. O papel das regulamentações (regulation / regulation pressure) nas decisões corporativas;

  2. Como as empresas medem e gerenciam esse processo — desde a medição até a mitigação;

  3. O processo de descarbonização do transporte de cargas, com análise referente aos biocombustíveis, aos veículos elétricos e ao uso de hidrogênio, entre outros.

O documento funciona como um raio-X que mostra onde as empresas se encontram, quais são os principais obstáculos e quais estratégias estão sendo utilizadas — além de sugerir caminhos futuros (próximas etapas) para acelerar a transição sustentável.


A importância do relatório pode ser observada nos cinco pontos a seguir:

  • Benchmark global e regional — fornece dados comparativos entre regiões (Europa, América do Norte etc.) e setores, permitindo que as empresas identifiquem sua posição em relação ao mercado global e aprendam com as práticas mais avançadas.

  • Visibilidade da execução e das lacunas — evidencia o descompasso entre intenção/compromisso e ação efetiva, especialmente fora das dependências das empresas, destacando desafios práticos como dados de fornecedores, padronização metodológica, custos e infraestrutura. Isso ajuda as organizações a focar nos gargalos mais críticos.

  • Influência sobre políticas, investidores e práticas de mercado — os resultados oferecem subsídios para reguladores e padrões emergentes, auxiliam investidores na avaliação de riscos e oportunidades e orientam executivos de cadeias de suprimentos quanto à alocação de recursos.

  • Refinamento metodológico ao longo do tempo — ao ser realizado anualmente, o estudo identifica tendências, evoluções e mudanças nos desafios e nas práticas empresariais, possibilitando aprendizado contínuo.

  • Credibilidade acadêmica e aplicação prática — por ser desenvolvido por uma instituição de renome como o MIT, o relatório combina pesquisa robusta e alcance global, unindo rigor acadêmico e relevância para executivos e profissionais de cadeias de suprimentos.

A edição de 2025 é a sexta edição anual do relatório. O relatório completo pode ser obtido no site oficial do MIT (MIT Sustainable Supply Chain Lab).


O MIT não apenas analisa o uso da ACV pelas empresas — ele próprio utiliza princípios de ACV como estrutura de análise comparativa (comparative assessment framework) no relatório.

Isso ocorre em três dimensões principais:

  • Metodologia de coleta e categorização de dados:Os questionários aplicados às 1.200 empresas seguem categorias inspiradas nas normas ISO 14040/44, que definem as etapas da ACV (definição de objetivo e escopo, inventário, avaliação de impacto e interpretação).

  • Normalização de emissões fora das empresas: O relatório organiza as 15 categorias do GHG Protocol (bens adquiridos, transporte upstream/downstream, uso, descarte etc.) — exatamente as categorias empregadas em inventários de ACV corporativa.

  • Validação cruzada entre setores e regiões:Assim como uma ACV compara sistemas equivalentes, o MIT CTL utiliza dados médios para comparar regiões e indústrias, criando um panorama de impacto relativo das práticas sustentáveis.


As empresas que participam da pesquisa — fabricantes, varejistas, transportadoras e prestadores de serviços logísticos — utilizam a ACV de três formas principais:

Aplicação

Descrição

Exemplos no relatório

Medição de emissões

Avaliar impactos de materiais, transporte e energia em produtos e processos.

O setor automotivo e o de bens de consumo usam LCA para medir o impacto de aço, plástico e embalagens.

Escolha de fornecedores e design de produto

Comparar alternativas de fornecimento ou projeto com base no impacto ambiental total.

Empreiteiras e fabricantes avaliam diferentes rotas logísticas ou tipos de combustível com base em LCA.

Comunicação e reporte

Apoiar relatórios CSRD/ESRS e comprovar reduções no Escopo 3.

Empresas europeias e multinacionais citam LCA em relatórios de sustentabilidade auditados.

Assim, a ACV constitui a ponte entre os compromissos ESG e a quantificação de resultados ambientais, permitindo:

  • mensurar impactos (energia, carbono, água e resíduos);

  • comparar tecnologias (por exemplo, diesel versus hidrogênio);

  • e justificar decisões de investimento em sustentabilidade.


 
 
 

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